Quem é Ruth Aklander
Ruth Palatnik Aklander, nascida em Natal (RN), mudou-se para o Rio de Janeiro, onde obteve formação acadêmica em Belas Artes, pela Faculdade de Filosofia da UFRJ.
Foi iniciada na Arte Moderna como aluna de Ivan Serpa, que ministrava um Curso de Pesquisa no MAM (RJ) e a convidou a participar do grupo fundador do Centro de Pesquisa de Arte no RJ. Ampliou sua formação com cursos de atualização em História da Arte (IBA), Cenografia (EAV), Perspectiva Artística, Indumentária, entre outros. Aklander construiu uma obra diversificada, aberta, lúdica e interativa, abrangendo várias fases e tipos de materiais, passando pela Arte Conceitual, Surrealismo e Instalações Ambientais. Recebeu seu primeiro prêmio em 1955 no Salão dos Artistas Brasileiros, realizado na Câmara de Vereadores, com trabalho em cerâmica, seguido de mais de uma dezena de premiações em obras de acrílico e serigrafia em exposições nacionais e internacionais. Destacou-se no meio artístico com trabalhos em Arte Geométrica, realizados através de planos de acrílico vazados, onde a interpenetração de cores e de formas possibilitava diferentes percepções a partir do ângulo de visão do observador. Inovou na serigrafia, introduzindo transparências e as cores prata e ouro. Sua preocupação social e ecológica refletiu-se em sua obra, que integrava os vários campos do conhecimento humano. Na Instalação “Sêmen no Espaço 5” da Equipe Triângulo, apresentado na XII Bienal Internacional de São Paulo, uniu Arte e Ciência. Já nos últimos trabalhos, preocupou-se em integrar a Arte com Simbolismos Religiosos e da Cabala. Aklander deixou seu legado para as próximas gerações – ela soube viver com arte – e ensinou aos que tiveram o privilégio de conhecê-la, a arte de viver!
POP UPS:
UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro
MAM – Museu de Arte Moderna
IBA – Instituto de Belas Artes (Parque Laje)
EAV – Escola de Artes Visuais (Parque Laje)
Equipe Triângulo – Formada pelas artistas Aklander, Miriam Sambursky e Zama
Texto de Walmir Ayala
Crítico de Arte
Não tem sido pequena a luta do artista novo no Brasil com os recursos do acrílico. Nem pouco o fascínio deste novo material, na vivência destas criaturas condenadas a transfigurar a história e a matéria, em termos de uma perspectiva espiritual. Entre os mais anônimos pesquisadores de uma linguagem artística e consequentemente humanista, através das frias e difíceis atmosferas acrílicas, regidas por uma tecnologia local ainda incipiente, dependendo de um artesanato tateante e caro está Ruth Aklander que hoje expõe na galeria Celina. Com suas composições manipuláveis, de chapas superpostas, conquistou um prêmio no Salão de Verão do Jornal do Brasil em 1972. Esta pesquisa encontrou repercussão em outros artistas, quer sob o clima de influência, quer de uma coincidência experimental, da qual Aklander tem, indubitavelmente a prioridade. Com chapas de acrílico, geométricas recortadas internamente com formas variadas, Ruth Aklander fazia render a transparência e a surpresa lúdica. Porque toda a obra desta artista se condiciona à participação do espectador, ao prazer de renovar através de múltiplas possibilidades, a descoberta plástica da ordem. Com esta pesquisa Ruth Aklander participou do concurso de múltiplos da Petite Galerie e integrou o acervo instigante da New Style. Hoje, ao se preparar seriamente para a primeira individual, desdobrou generosamente sua mensagem, construiu mapas mundi cujas fronteiras se decidem pelo instinto da beleza em vez das guerras, projetou planos de enriquecimento para símbolos do infinito, da geração, da germinação e da morte. Numa intenção consequente com a obra de Ubi Bava introduziu o espelho em suas montagens, valorizando o fascínio ótico, absorvendo a imagem do espectador que assim se vê transpassado e transpassando estes horizontes de uma organicidade tecnológica. Enfrentando a máquina, propondo ostensivamente o jogo, projetando mesmo o brinquedo, forçando a manipulação, dando a cada consumidor a chance de testar seu momento de invenção, Ruth Aklander revela nesta individual as possibilidades variadas comunitárias de uma poética muito pessoal. Saudamos nela não a artista acabada, mas a investigadora jovial e digna da grande aventura de amor e paz num tempo obscuro.
WALMIR AYALA
Texto de José Roberto Teixeira Leite
Colunista – Vida das Artes – Jornal O Globo
Rio Show – O GLOBO
Rio de Janeiro, 21-11-14
VIDA DAS ARTES – Com o Colunista José Roberto Teixeira Leite
Através de sua arte, Ruth Aklander deseja contribuir para um melhor entendimento entre as pessoas.
A trajetória da solidariedade
TRAJETÓRIA DA FORMA foi o nome escolhido por Ruth Aklander para a exposição que inaugurou ontem na Galeria Ponto de Arte (Rua Aires Saldanha, 92, sobreloja). Utilizando a serigrafia, ela representa a vida do ser humano em seus diferentes ciclos de evolução, através de formas geométricas.
“Busco na forma a forma da vida.” diz ela.
Tendo partido do figurativo em óleo sobre tela, Ruth trabalhou em cerâmica e, pesquisando diversos materiais, fez relevos em estanho e profissionalizou-se ao descobrir o acrílico, em 1970. Participou de diversas exposições, recebendo prêmio de aquisição no Salão do Acrílico de 73. Agora, pela dificuldade de obtenção daquele material, voltou-se para a serigrafia.
– Escolhi esta técnica porque está dentro da mesma linguagem de arte do acrílico, sendo igualmente um múltiplo. É a arte de hoje, mais acessível que a peça única.
Mantendo-se fiel a seu material favorito, suas matrizes são acrílicas e também estão expostas. Utilizando as mesmas formas básicas em composições e cores diferentes, ela mostra a partida, a evolução, ascensão, aproximação, atração, desencontro, frustração, interferência, afastamento e retorno.
– Todo ser humano atravessa os mesmos ciclos e por isso deveria haver mais solidariedade e tolerância. Minha filosofia na arte é fazer com que as pessoas se entendam melhor: cada pessoa dá a contribuição que pode.
Em sua opinião, a arte hoje não se baseia mais na técnica, e sim na criatividade. Isso explica suas fases anteriores, como Quadrum, montagens feitas com formas de acrílico que podem ser modificadas de acordo com o gosto de cada um. Em Mundi, ela sobrepõe placas acrílicas a um fundo de espelho, fazendo com que o espectador participe do trabalho de dentro para fora, refletido no fundo do trabalho.
– Os valores mudaram e a arte não pode ficar em situação estática. Ela também evolui. Quanto a ser aceita, já é outro problema.
